quinta-feira, 14 de maio de 2009

CONFISSÃO DE UM ESTAGIÁRIO...

Fui demitido. Justa causa.
Como estagiário, aprendi milhões de coisas e fui muito bem sucedido nasminhas funções. Juro que não entendo o porquê de me demitirem...Eu tinha várias funções que fazia com excelência, entre elas:
1. Tirar xerox. 3.1 segundos por página.
2. Passar café.
3. Comprar cigarro e pão. 1 minuto e 27 segundos. Ida e volta.
4. Fazer jogos na Mega-Sena, Dupla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva...
Eu era muito bom. Mesmo. Fazia tudo certinho, até que peguei uma certaconfiança com o pessoal e resolvi fazer uma brincadeirinha inocente.
É impressionante o nível de stress em um ambiente de trabalho.
Quis dar uma amenizada na galera, deixar o povo feliz e fuirecompensado com uma bela de uma demissão por justa causa. Puta sacanagem!
Vou contar toda minha rotina desse dia catastrófico.
Era quinta-feira, 26 de março, quando cheguei ao trabalho.
Nesse dia, passei na padaria no meio do caminho. Demonstrando muitaproatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão sem nemmesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave porqueopessoal só começa a chegar lá pelas 11h), já vi uma montanha de folhaspara eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nostrinques (minha mãe que usa essa gíria rs).
Como tinha saído um pouco mais cedo no outro dia, deixaram um recado naminha mesa: "pegar o resultado da mega-sena na lotérica".Como tinha adiantado tudo, fui buscar o resultado. No meio do caminho,tive a ideia mais genial da minha vida e, consequentemente, a maisestúpida.
Peguei o resultado do jogo: 01/12/14/16/37/45.
E o que fiz? Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma aposta igual a essa.Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça claro, minha brilhanteideiarenderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o resultado do sorteio eminha aposta) para a agência novamente.
Ainda ninguém tinha dado as caras. Como sabia onde o pessoal guardava ospapeis das apostas, coloquei o jogo que fiz no meio do bolinho e deixeio papel do resultado à parte.
O pessoal foi chegando e quase ninguém deu bola pros jogos. Da minhamesa,eu ficava observando tudo, até que um cara, o Daniel, começou aconferir.
Como eu realmente queria deixar o cara feliz, coloquei a aposta que fiznaquele dia por último do bolinho, que deveria ter umas 40 apostas.Coitado, a cada volante que ele passava, eu notava a cara de desolação dele.
Foi quando ele chegou ao último papel. Já quase dormindo em cima do papel,vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6números.
Ele deu um pulo e conferiu de novo. Esfregou os olhos e conferiu de novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eutava me divertindo.
Deu um toque no cara do lado, o Rogério, pra conferir também.Ele olhou, conferiu e gritou:
-"PUTA QUE PARRRRRRRRIUUUUUUUUUU, TAMO RICO, PORRA". Subiu na mesa,abaixou as calças e começou a fazer girocóptero com o pau.
Óbvio que isso gerou um burburinho em toda a agência e todo mundo veiover o que estava acontecendo.
Uns 20 caras faziam esse esquema de apostar conjuntamente. 8 deles,logo que souberam, não hesitaram: correram para o chefe e mandaram eletomar bemno olho do cu e enfiar todas as planilhas do Excel na buceta da arrombadada mulher dele.
No meu canto, eu ria que nem um filho da puta. Todos parabenizando osganhadores (leia-se: falsidade reinando, quero um pouco do seudinheiro),com uns correndo pelados pela agência e outros sendo levados pelaambulância para o hospital devido às fortes dores no coração que sentiramcom anotícia.
Como eu não conseguia parar de rir, uma vaquinha veio perguntar do queeu ria tanto. Eu disse:
-"puta merda, esse jogo que ele conferiu eu fiz hoje de manhã.
A vaca me fuzilou com os olhos e gritou que nem uma putalouca:
-"PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO FOI UMA MENTIRA.UMA BRINCADEIRA DE MAUGOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO"
Todos realmente pararam olhando pra ela. Alguns com cara de "quê?" eoutros com cara de "ela tá brincando".
O cara que tava no bilhete na mão, cujo nome desconheço, olhou o papele viu que a data do jogo era de 27/03.
O silêncio tava absurdo e só eu continuava rindo. Ele só disse bembaixo:
- É...é de hoje.
Nesse momento, parei de rir, porque as expressões de felicidade mudarampara expressões de 'vou te matar'. Corri... corri tanto que nem quando eu estive com a maior caganeira domundo eu consegui chegar tão rápido ao banheiro.
Me tranquei por lá ao som de "estagiário filho da puta", "vou te matar"e "vou comer teu cu aqui mesmo". Essa última foi do peladão !
Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas comcorações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida.

Deveriam me dar uma medalha por eu conseguir aquele feito inédito. Masnão... só tentaram me linxar e colocaram um carimbo gigante na minhacarteira de trabalho de demissão por justa causa. Belos companheiros!Pelo menos levei mais 8 neguinho comigo ! Quem manda serem mal educadoscom o chefe. Eu não tive culpa alguma na demissão deles.Pena que agora eles me juraram de morte...agora tô rindo de nervoso.Falei aqui em casa que fui demitido por corte de verba (conseguijustificardizendo que mandaram mais 8 embora, rs) e que as ligações que tenhorecebidosão meus amigos da faculdade passando trote.Eu supero isso, tenho certeza.É, amigos, descobri com isso que não se pode brincar em serviço mesmo...

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